Enquanto Ayrton Senna negou autógrafo a Felipe Massa, Nelson Piquet tentou ajudar no reconhecimento do título mundial

O automobilismo brasileiro é reconhecidamente um celeiro de grandes talentos, alguns deles conseguiram correr na Fórmula 1, mais do que isso: conseguiram vitórias e até títulos mundiais. Três nomes que fazem parte dessa história são Ayrton Senna, Nelson Piquet e Felipe Massa. Além das performances nas pistas, duas situações longe das curvas são dignas de atenção dos torcedores.

Autógrafo negado pelo grande ídolo

Em 2014, ano que completou 20 anos sem Ayrton Senna, Felipe Massa – então único representante do Brasil na Fórmula 1 – relembrou sua relação com o maior vencedor do país na categoria. O vínculo começou com admiração, mas sofreu um abalo na única vez em que se encontraram pessoalmente.

No final da década de 1980, ainda criança, Massa viu Senna – já consagrado na F1 – em um bar no iate clube de Ilhabela. Ao pedir um autógrafo, teve seu pedido negado, o que gerou grande decepção. Anos depois, porém, o piloto transformou o episódio em aprendizado.

“Isso aconteceu em Ilhabela e foi o único contato que tive com ele. Claro que, na época, fiquei decepcionado, mas, mais tarde, entendi que talvez ele apenas não estivesse em um bom dia. Foi uma lição para mim. Sei o quanto as crianças valorizam a proximidade com seus ídolos e procuro sempre atender os pequenos fãs quando me procuram”, contou Massa, que já revelou ter passado a torcer por Nelson Piquet naquele período.

Apesar da frustração, Massa nunca deixou de reconhecer o talento de Senna. Ao ser questionado se o tricampeão pode ser considerado o melhor piloto de todos os tempos, o brasileiro – que dividiu o grid com lendas como Michael Schumacher e Fernando Alonso – foi categórico:

“Sem dúvida, mesmo considerando regulamentos, carros e épocas diferentes. Ele era um piloto fantástico, não só nas corridas, mas especialmente nos treinos classificatórios. Ele superava companheiros como Alain Prost, que tinha uma vantagem de três décimos apenas pelo peso, e mesmo assim Senna era superior”, destacou Massa, relembrando os duelos históricos entre o brasileiro e o francês.

A intervenção de Piquet no escândalo em 2008

Em 2009, o também tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet, ajudou indiretamente Felipe Massa na busca pelo título da categoria máxima da velocidade. Naquele mesmo ano, o veterano revelou, em entrevista ao jornal inglês “Daily Mirror”, que alertou a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) sobre a manipulação do resultado do GP de Singapura de 2008 pela Renault.

Segundo o tricampeão, ele informou o diretor de prova Charlie Whiting durante o fim de semana do GP do Brasil em 2008, mas optou por não entrar em contato com o então presidente da entidade, Max Mosley, por receio de prejudicar a carreira de seu filho, Nelsinho Piquet. Na ocasião, Nelsinho, que era piloto da equipe, provocou um acidente deliberado para beneficiar Fernando Alonso.

“Eu não podia acreditar. Chamei o Nelsinho e ele confirmou, me perguntou se poderia ajudar, e isso e aquilo. Eu disse: ‘Mas você poderia ter se machucado ou machucado outra pessoa’. E ele respondeu: ‘Sim, eu sei que errei’. De qualquer forma, no Brasil eu falei com Charlie. Perguntei o que poderia acontecer se denunciasse o caso. Tinha medo de prejudicar a carreira dele”, contou Piquet.

Na época, Whiting teria informado que, para a FIA tomar providências, Nelsinho precisaria formalizar a acusação. No entanto, o piloto só revelou a verdade em julho, durante o GP da Hungria, quando sua permanência na equipe estava ameaçada. Ele declarou que bateu o carro a mando de Flavio Briatore, então chefe da Renault. O dirigente italiano deixou o comando da equipe francesa pouco antes do julgamento do caso.

Com isso, o escândalo veio à tona e Massa conseguiu se basear para entrar com um processo na justiça, lutando pelo reconhecimento do título de 2008, perdido para Lewis Hamilton por um ponto. O brasileiro ainda aguarda a decisão da justiça, de uma farsa que começou a ser descoberta, graças a declaração de Nelson Piquet.