Famoso time da NBA é reconhecido campeão, mas não tem anel da conquista

A volta do Seattle Supersonics segue como tema recorrente nas discussões sobre o futuro da NBA. Apesar do consenso de que a liga deve, em algum momento, se expandir para 32 franquias, o movimento perdeu força após um período de otimismo. O foco continua em duas cidades: Las Vegas, já considerada “cidade extraoficial” da NBA, e Seattle, onde os torcedores ainda aguardam o renascimento dos icônicos Sonics.

Com uma legião de fãs desde os anos 1980, os Sonics marcaram época com nomes como Dale Ellis, Xavier McDaniel, Tom Chambers, e depois protagonizaram os memoráveis anos 90 com o “Sonic Boom” de Shawn Kemp, Gary Payton, Detlef Schrempf e George Karl no comando.

As temporadas de 63 e 64 vitórias simbolizaram a força daquele elenco, que também acumulou frustrações — como eliminações precoces e a derrota para o Chicago Bulls de Michael Jordan nas finais de 1996.

O legado dos Sonics é amplamente reconhecido, de Lenny Wilkens a Jack Sikma, passando por Dennis Johnson, Bill Russell e Nate McMillan. Em 1979, a equipe conquistou o único título da história esportiva de Seattle na elite profissional. Quando Sam Presti assumiu como gerente-geral, o time já se reconstruía com escolhas promissoras no draft, como Kevin Durant, Jeff Green e Russell Westbrook.

Mas tudo mudou em 2008. Apesar dos esforços para manter o time, a franquia foi vendida para Clay Bennett, que levou o elenco e a comissão técnica para Oklahoma City. Westbrook nunca jogou em Seattle — apenas tirou uma foto com o boné dos Sonics no draft. Assim nasceu o Oklahoma City Thunder, sem expansão, sem transição: apenas uma mudança abrupta de cidade e identidade.

Legado dos Sonics: de quem é?

A grande questão ressurge agora, com o Thunder voltando às Finais da NBA: este seria seu primeiro título ou o segundo, contando o campeonato de 1979? Oficialmente, os registros da NBA atribuem a história dos Sonics ao Thunder. Mas emocionalmente e culturalmente, a resposta parece diferente.

Quando o time mudou para Oklahoma, o legado ficou em Seattle. Os troféus, os números aposentados, os símbolos — tudo permaneceu na cidade. Clay Bennett arquivou a marca “Supersonics” com a clara intenção de criar uma nova franquia, e a expectativa é de que, assim que Seattle for contemplada na expansão, os Sonics retornem com nome, cores, logotipo e história intactos.

Seattle ainda não perdoa a NBA — nem Bennett, nem David Stern, então comissário da liga. O processo de saída foi marcado por promessas não cumpridas, propostas inflacionadas e uma venda polêmica por parte do então proprietário Howard Schultz, CEO da Starbucks, que se tornou persona non grata entre os torcedores.

Um pedaço da história permanece em casa

A memória da franquia sobrevive. O Museu de História e Indústria de Seattle (MOHAI) guarda mais de 5.000 itens dos Sonics. Entre os poucos itens exibidos, estão o troféu da NBA de 1979, chuteiras usadas em jogo e uma flâmula do time. O museu fica a apenas 1,6 km da Climate Pledge Arena (ex-KeyArena), palco das glórias e da dolorosa despedida.

Thunder construiu algo novo — mas a dívida emocional permanece

Diferente de outras mudanças de cidade (Lakers, Jazz, Grizzlies), o Thunder foi um recomeço total. Apesar da herança técnica, com Durant, Westbrook e Harden formando um dos trios mais talentosos da NBA recente, a identidade construída em Oklahoma foi inteiramente nova.

Hoje, com o Thunder novamente nas Finais, o debate sobre o verdadeiro dono do passado volta à tona. No papel, o Thunder carrega a estrela de 1979. Na prática, Seattle espera ansiosamente para reativar seu time e reescrever sua própria história.