FIFA toma decisão sensata e fica ao lado de Vinícius Júnior
A Fifa publicou nesta quinta-feira (29) a nova versão do seu Código Disciplinar, com regras mais rígidas para o combate ao racismo. O documento foi aprovado durante reunião do Conselho da entidade realizada neste mês e traz mudanças significativas no artigo 15, que trata de “Discriminação e Racismo”.
A atualização fortalece o protocolo de três etapas criado no ano passado: paralisação da partida, suspensão temporária e encerramento do jogo. A novidade é que agora qualquer atleta ou participante do evento pode relatar um caso de racismo ao árbitro, que deverá aplicar imediatamente o protocolo.
Se as ofensas persistirem, o árbitro tem autonomia para parar ou até encerrar a partida, conforme prevê o novo regulamento. É mais um importante passo na luta contra o racismo, uma batalha defendida também por grandes nomes do esporte, como Vinicius Jr, alvo de ofensas racistas na Espanha, país onde atua vestindo a camisa do Real Madrid.
O atacante da Seleção Brasileira além de ser considerado um dos principais nomes do futebol mundial na atualidade, também se tornou um dos maiores símbolos da luta contra o racismo no esporte. O atacante do Real Madrid passou a se posicionar ativamente a partir de 2021, quando começou a ser alvo de insultos racistas durante jogos na Espanha.
Desde então, a LaLiga apresentou pelo menos dez denúncias formais sobre os episódios. O engajamento de Vini Jr. fez com que sua voz ganhasse destaque global no combate à discriminação racial nos gramados.
Multas mais altas e punições mais severas
O novo Código também revisa os valores das sanções financeiras. Clubes e federações envolvidos em episódios de racismo poderão ser punidos com multa mínima de 20 mil francos suíços (cerca de R$ 137 mil) e restrições de público. Em casos graves, a multa pode chegar a 5 milhões de francos suíços (aproximadamente R$ 34 milhões), superando o teto de 1 milhão (R$ 6,8 milhões) estipulado para outros tipos de infração.
Em situações de reincidência, as punições podem incluir:
- Implantação obrigatória de um plano de prevenção contra discriminação
- Realização de jogos com portões fechados
- Dedução de pontos
- Expulsão de competições ou rebaixamento de divisão
Prazos e possibilidade de intervenção
A Fifa deu prazo até 31 de dezembro de 2025 para que todas as associações-membro atualizem seus próprios códigos disciplinares com as novas regras. A entidade também passou a ter o direito de intervir diretamente em federações que, segundo avaliação própria, não estejam cumprindo as novas diretrizes. Além disso, poderá recorrer ao CAS (Corte Arbitral do Esporte) para contestar decisões consideradas inadequadas em casos relacionados ao racismo.
Infantino: “Racismo é crime”
Durante o 75º Congresso da Fifa, realizado este mês em Assunção, no Paraguai, o presidente Gianni Infantino destacou que o combate ao racismo é uma das prioridades da entidade.
“Racismo não é apenas um problema do futebol, racismo é um crime. É por isso que estamos trabalhando com diferentes governos e com a ONU para garantir que essa luta esteja inserida na legislação criminal de todos os países do mundo”, afirmou o dirigente.