Ícone dos Lakers não quis nem saber e foi atrás de Oscar Schmidt
Pense nos maiores nomes do basquete brasileiro e certamente o nome de Oscar Schmidt está entre eles. O jogador fez história na modalidade, conquistando grandes títulos, como o memorável ouro no Pan-Americano, em Indianapolis, vencendo os EUA.
Esse talento é tão grande que acabou sendo reconhecido não só pelos rivais por aqui, como outras lendas do basquete espalhados pelo mundo, inclusive um deles é uma lenda do Los Angeles Lakers. Escolhido pelo New Jersey Nets no Draft de 1984, Oscar optou por seguir na Europa para manter sua elegibilidade na seleção brasileira, já que, na época, o basquete internacional ainda era amador.
Oportunidade na NBA e a ligação com Michigan State
Um dos fatores que dificultaram a ida de Oscar para a NBA foi sua posição no Draft: selecionado apenas na 131ª escolha, ele recebeu uma proposta de contrato não garantido dos Nets. No entanto, sua trajetória poderia ter sido diferente caso tivesse aceitado uma oportunidade anos antes: o convite para jogar na universidade de Michigan State, a mesma de Magic Johnson, que depois seria lenda nos Lakers. A revelação veio de Marcel Souza, fiel escudeiro de Oscar.
“Fizemos dois jogos contra Michigan State, vencemos um deles, pouco antes da temporada em que o time do Magic conquistou o título contra Larry Bird. O técnico de Michigan ficou encantado com o Oscar e queria levá-lo para jogar ao lado do Magic…”
“No vestiário da Hebraica, eu vi: estavam o técnico e o Magic Johnson tentando convencê-lo a ir para Michigan. Mas ele não quis porque seu sonho era viver do basquete. Naquela época, éramos tecnicamente amadores, não recebíamos salário, mas ganhávamos muitas coisas” — contou Marcel.
Decisão de seguir outro caminho
Os jogos citados aconteceram como parte da preparação da seleção brasileira para o Mundial das Filipinas, em 1978, onde o Brasil conquistou a medalha de bronze. Em 15 de agosto, os brasileiros venceram Michigan State por 74 a 68 no Maracanãzinho, com Oscar, então com 20 anos e ainda reserva, anotando 21 pontos.
Quatro dias depois, em São Paulo, houve uma revanche: Michigan venceu por 96 a 94, após duas prorrogações, e Oscar brilhou novamente, sendo o cestinha com 30 pontos. Sua performance impressionou o técnico Jud Heathcote, que tentou recrutá-lo para Michigan State. O próprio brasileiro confirmou a história:
“Joguei bem, e o técnico parecia nunca ter visto alguém acertar tantos arremessos assim. Eles realmente me chamaram no vestiário e insistiram para que eu fosse para lá. Mas eu já namorava, pensava em casar… Poderia ter ido e levado a Cris, mas minha vida estava indo bem. Jogava na seleção, depois fui para a Itália, onde podia continuar na seleção e ainda melhorar financeiramente.“
A relação de Oscar com a NBA e a seleção brasileira
Na época, era raro um jogador ingressar na NBA sem passar pelo basquete universitário. O primeiro brasileiro draftado, Marquinhos Abdalla, foi selecionado em 1976 após atuar por dois anos na universidade de Pepperdine. Marcel relembra que, naquele período, o objetivo máximo dos jogadores brasileiros era a seleção, e não a NBA.
“O sonho de todo jogador brasileiro era vestir a camisa da seleção. A NBA nem passava pela nossa cabeça. Havia a barreira do amadorismo, e Oscar já estava na Itália. Ele via a NBA, mas o foco era a seleção.“
Após a conquista do Pan-Americano de 1987, quando o Brasil venceu os Estados Unidos na final, Oscar e Marcel foram procurados por equipes da liga americana.
“Os agentes começaram a nos contatar. O Oscar me perguntava: “Te ligaram? Estão me ligando o dia todo, falando que vamos para a NBA.” Até outubro, insistiram muito nele.” — revelou Marcel.
Oscar sempre afirmou que sua decisão de não ir para a NBA estava ligada à sua paixão pela seleção brasileira, mas admite que uma proposta salarial mais expressiva poderia tê-lo feito reconsiderar.
“Eu queria que me oferecessem um grande contrato, algo milionário, pelo meu estilo de jogo. Mas isso não aconteceu, então simplesmente disse “tchau” e voltei para a Itália.” — completou o ídolo.