O arremesso de três pontos tem gerado debates acalorados nos últimos tempos. Analistas e torcedores apontam que o jogo está se transformando em um verdadeiro festival de tiros do perímetro, com pouca atenção para outras dimensões do basquete. Curiosamente, há mais de 30 anos, Michael Jordan já previa esse cenário e expressava sua oposição ao uso excessivo dos chutes de longa distância.
“Meu arremesso de três não é algo que eu quero ser bom demais, porque isso tira das outras fases do meu jogo”, declarou Jordan em uma entrevista em 1992, após o primeiro jogo das finais da NBA contra o Portland Trail Blazers. Na ocasião, ele acertou seis bolas de três, mas destacou que essa abordagem não era parte central de seu estilo.
“Meu jogo é enganar que vou para a cesta, invadir o garrafão, enterrar, o que for. Quando você tem a mentalidade de arremessar de três, deixa de atacar a área pintada. Você fica na linha de três esperando o passe. Não é essa minha mentalidade, e eu não quero desenvolvê-la porque isso compromete o resto do meu jogo”, concluiu o astro.
A ascensão dos arremessos de três na NBA
Atualmente, a NBA vive uma era em que os chutes de três dominam o jogo. Todos os times da liga arremessam, em média, pelo menos 30 bolas de três por partida. Recentemente, Dallas Mavericks e Golden State Warriors chegaram a quebrar o recorde de acertos no perímetro, somando impressionantes 48 cestas de três em uma única partida.
Críticos desse estilo argumentam que ele prejudica o espetáculo. Muitos enxergam a proliferação dos chutes de longa distância como um afastamento do basquete tradicional, tornando os jogos repetitivos e pouco empolgantes. Além disso, especula-se que a queda na audiência da NBA nos Estados Unidos possa estar ligada ao aumento dessa prática.
Por outro lado, a explosão dos arremessos de três tem sua razão de ser. Estudos estatísticos e analíticos indicam que chutar do perímetro é mais eficiente do que arriscar de média distância. Como resultado, grande parte dos ataques na NBA moderna é composta por chutes de três ou finalizações próximas à cesta, como bandejas e enterradas.
Essa evolução faz parte da busca constante por eficiência. Jogadores, treinadores e equipes adaptam-se às tendências para maximizar suas chances de vitória. No entanto, a insatisfação de alguns fãs pode levar Adam Silver, comissário da NBA, a considerar mudanças nas regras para equilibrar o jogo.
Quais soluções poderiam ser adotadas pela liga?
Alguns jornalistas já sugeriram ideias, como ampliar a linha dos três pontos ou limitar o número de arremessos do perímetro por equipe em cada partida. Embora essas propostas sejam controversas, a discussão reflete a necessidade de encontrar um equilíbrio entre eficiência e entretenimento.
Curiosamente, a visão de Michael Jordan, expressa há mais de três décadas, ganha relevância nesse debate. Seu alerta sobre o impacto negativo de um jogo excessivamente focado nos chutes de três mostra que, mesmo no auge de sua carreira, ele já enxergava um possível “desequilíbrio” no futuro do basquete.