Revelado quanto os árbitros do Brasileirão recebem por jogo
A arbitragem voltou a ser o grande assunto no início desta semana, após o jogo entre Sport e Palmeiras ser decidido por um pênalti bastante controverso assinalado a favor do time paulista nos acréscimos. O lance gerou revolta nas redes sociais e alimentou mais um capítulo da longa série de decisões questionáveis protagonizadas pelos árbitros brasileiros.
O tema da profissionalização da arbitragem permanece como um tabu no futebol nacional. Todas as tentativas de melhoria propostas pela comissão de arbitragem da CBF têm se mostrado ineficazes. Cursos, reuniões e treinamentos técnicos não têm surtido o efeito desejado.
Apesar de atuarem nos principais jogos do país — e até em competições internacionais — muitos árbitros brasileiros ainda conciliam a função com outras profissões. O modelo atual não garante dedicação exclusiva nem oferece benefícios básicos. De acordo com informações do advogado Bruno Chatack e do UOL Esporte, um árbitro da CBF recebe R$ 5.250 por partida. Em uma temporada com 50 jogos, o rendimento anual gira em torno de R$ 262.500.
Em comparação com os árbitros das principais ligas europeias, o abismo salarial é evidente:
- Espanha (La Liga): €300 mil por temporada (aprox. R$ 1,9 milhão)
- Itália (Serie A): €200 mil (R$ 1,3 milhão)
- Alemanha (Bundesliga): até €150 mil (R$ 970 mil)
- Inglaterra (Premier League): até £200 mil (R$ 1,5 milhão)
O modelo inglês, aliás, é referência de transformação. Desde a criação da PGMOL (Professional Game Match Officials Limited), em 2001, a arbitragem na Inglaterra passou por uma verdadeira revolução. Árbitros da Premier League são contratados em tempo integral, recebem treinamentos contínuos, suporte psicológico, acompanhamento físico e bônus por desempenho. Resultado: maior padronização nas decisões e redução dos erros técnicos — ainda que as controvérsias sigam parte do jogo.
Uma nova entidade poderia ser uma alternativa?
A criação de uma entidade técnica, como uma “liga abaixo das ligas”, também é uma alternativa em discussão. Essa estrutura — uma espécie de “liga-filhote” — teria a função de tratar exclusivamente de temas voltados à melhoria do espetáculo e valorização do produto Campeonato Brasileiro.
Falar em união pode soar utópico, mas basta lembrar da virada do futebol inglês nos anos 1980 e de como a criação da Premier League mudou o rumo da modalidade no país. Talvez esteja na hora do Brasil buscar sua própria revolução.