Três nomes que vão fazer parte do Hall da Fama do basquete

Na época em que os Lakers proporcionavam performances dignas de cinema, o cara mais descolado do estádio frequentemente estava na quadra. Jack Nicholson, estrela de Hollywood e vencedor do oscar, se destacou em todo o país, chamando a atenção de todos.

“Quando eu era criança, meu ícone era Jack Nicholson”, comentou Spike Lee. “Eu me lembro de estar sentado nas cadeiras azuis do Madison Square Garden e pensando: ‘Espero um dia estar na quadra como meu ídolo Jack Nicholson.’”

Lee finalmente conseguiu seu lugar na primeira fila para ver seus amados Knicks. Neste fim de semana, ele e Nicholson farão sua entrada conjunta no Hall da Fama do basquete.

Junto com o ator e comediante Billy Crystal e o empresário Alan Horwitz, eles serão homenageados na Galeria James F. Goldstein SuperFan do Naismith Memorial Basketball Hall of Fame, neste domingo (13), algumas horas antes da cerimônia de indução deste ano em Springfield, Massachusetts.

A galeria, que leva o nome de Goldstein, um dos fãs não jogadores mais icônicos da NBA, reconhece pessoas que demonstram conhecimento e paixão pelo basquete, bem como uma reputação respeitável na comunidade e uma apreciação pela história do esporte. Além de Goldstein, a galeria, criada em 2018, já inclui nomes como Penny Marshall e o torcedor do Raptors, Nav Bhatia.

Embora sejam mais famosos que muitos, eles compartilham a mesma essência dos torcedores que ocupam os assentos mais baratos.

“Eu represento todos os fãs dedicados ao jogo que amamos”, declarou Crystal, um antigo assinante de ingressos dos Clippers, cuja paixão pela equipe remonta à época em que ainda jogavam em San Diego. Para os fãs mais ardorosos, o que realmente importa não é onde estão sentados, mas sim estarem presentes quando o time mais precisa deles.

Para Lee, esse momento ocorreu em 8 de maio de 1970. Com apenas 13 anos, ele decidiu perder a apresentação do pai para assistir ao Jogo 7 das Finais da NBA. Embora não estivesse sentado perto da ação, ele pôde ver Willis Reed entrar em quadra, mesmo com a lesão que o havia afastado do Jogo 6 contra os Lakers, deixando sua presença no jogo decisivo em dúvida.

“Já estive na World Series, na Copa do Mundo, no Super Bowl e nas Olimpíadas”, afirmou Lee. “Mas o barulho mais ensurdecedor que já ouvi foi naquele jogo.”

Os Knicks venceram aquele título e conquistaram outro em 1973, embora tenham chegado perto de vencer novamente apenas algumas vezes desde que Lee se tornou um frequentador após a seleção de Patrick Ewing como a primeira escolha em 1985. O Philadelphia 76ers de Horwitz ainda enfrenta uma longa espera por um título, mas nada se compara à seca dos Clippers, que ainda aguardam sua primeira chance sob a torcida de Crystal.

“Ele também está sofrendo”, brincou Lee. “E pior ainda é que ele está em Los Angeles, passando todos os anos com os Clippers enquanto os Lakers contavam com Magic, Shaq e Kobe. Isso foi difícil.”

Parceria entre Nicholson e Lakers

Nicholson, por outro lado, sempre esteve do lado certo da rivalidade de Los Angeles, tornando-se um fiel torcedor dos Lakers na década de 1970. O ator, vencedor de três Oscars, ajustava sua agenda de filmagens e compromissos para assistir aos grandes jogos dos Lakers, sempre com seus óculos escuros à beira da quadra.

De lá, ele testemunhou os Lakers desperdiçarem uma vantagem de 24 pontos contra o Boston no Jogo 4 das Finais da NBA de 2008 — uma derrota que ele já previa enquanto os Celtics se recuperavam.

“Era uma fase crítica do jogo e eu só ouvia, ‘Ei, Doc, somos homens mortos andando’”, relembrou Doc Rivers, então técnico dos Celtics. “Ele dizia isso repetidamente. No início, eu não entendia do que ele falava, mas depois percebi quando conseguimos a virada e vencemos.”

Os dois se tornaram amigos quando Rivers assumiu o comando dos Clippers, e o fã mais famoso dos Lakers até foi assistir a um jogo da outra equipe, quando eles enfrentaram o Houston Rockets nos playoffs de 2015.

“Jack veio a esse jogo”, contou Rivers. “Ele apareceu em um jogo dos Clippers e, em seguida, nós desperdiçamos uma enorme vantagem. Desde então, acho que ele nunca mais voltou a um jogo dos Clippers.”

Agora com 87 anos, Nicholson não irá mais a jogos e é o único dos quatro novos superfãs que não estará presente na cerimônia de domingo.

Lee, por sua vez, continua a ser um frequentador assíduo do Madison Square Garden, agora vestindo uma camisa de Jalen Brunson que já pertenceu a John Starks. Para ele, a homenagem ao Hall da Fama é especialmente significativa, pois se aproximou de muitos jogadores da NBA ao longo de sua carreira cinematográfica, desde comerciais da Air Jordan com Michael Jordan até filmes como He Got Game.

“Eu conheço esses caras, e especialmente os jogadores dos times adversários. Muitos deles vêm até mim e me cumprimentam”, disse Lee, rindo das vezes que Jordan, em tom de brincadeira, o mandava sentar. “Eles me dão um cinco, me abraçam — e isso são os times rivais.”

Às vezes, essas interações têm consequências inesperadas, e Lee carrega a culpa por algumas derrotas dos Knicks. Ele foi criticado por provocar Reggie Miller durante os playoffs, quando o Indiana voltou para vencer o Jogo 5. Quando Kobe Bryant marcou um recorde de 61 pontos em 2 de fevereiro de 2009, ele se sentiu motivado a não permitir que Lee falasse sobre a vitória dos Knicks quando se encontraram mais tarde naquela noite para um projeto em que estavam trabalhando.

Lee tem uma ficha de estatísticas do jogo assinada por Bryant, que escreveu: “Spike, isso (palavrão) foi culpa sua!!!!”

Agora, ele se juntará a Jordan, Bryant e muitos outros ícones no Hall da Fama.

“Usando uma expressão típica do Brooklyn”, disse Lee, “quem imaginaria?”